A geopolítica é uma ciência que se desenvolveu a partir do estudo das influências dos fatores geográficos nas decisões políticas dos Estados soberanos; decisões que objetivam salvaguardar ou ampliar o poder de determinado Estado nosistema internacional.
No que se refere à ciência geopolítica, surgiram várias escolas e correntes de pensamento que desenvolveram teorias distintas. Entre elas, a teoria da geoestratégia, que fornece recomendações políticas precisas para o governo de um Estado com base em sua situação geográfica.
No que se refere à ciência geopolítica, surgiram várias escolas e correntes de pensamento que desenvolveram teorias distintas. Entre elas, a teoria da geoestratégia, que fornece recomendações políticas precisas para o governo de um Estado com base em sua situação geográfica.
Mackinder e a teoria do Heartland
O pai da teoria da geoestratégia é o geógrafo inglês Halford J. Mackinder, que desenvolveu a teoria do Heartland. Heartland significa, literalmente, Coração da Terra. Mackinder situou o Heartland na zona territorial que abrange os continentes europeu e asiático, e que recebe a denominação de Eurásia ou Ilha Mundial.
A partir da teoria do Heartland, Mackinder pronunciou, em 1904, uma conferência na Real Sociedade Geográfica de Londres, quando defendeu a tese de que o controle dos mares não mais representava a chave do poderio das nações marítimas.
Na avaliação de Mackinder, a supremacia do poder naval havia chegado ao fim. Durante séculos, países que, devido às suas contingências geográficas, desenvolveram o meio de transporte marítimo, tanto para fins comerciais como para fins de segurança, obtiveram a supremacia nas relações de força no mundo.
No caso específico da Europa, por exemplo, o domínio europeu em relação ao mundo deveu-se ao desenvolvimento tecnológico naval - e seu poderio dependeu de forças militares marítimas. O controle dos mares havia proporcionado indiscutível prosperidade e segurança.
Porém, na opinião de Mackinder, as mudanças tecnológicas provenientes do desenvolvimento do motor à combustão e das grandes ferrovias transcontinentais, que se fizeram presentes no final do século 19 e início do século 20, propiciaram a mobilidade terrestre dentro de grandes massas territoriais - e esse fator começaria a alterar, a partir de 1904, as dimensões dos conflitos armados.
A partir da teoria do Heartland, Mackinder pronunciou, em 1904, uma conferência na Real Sociedade Geográfica de Londres, quando defendeu a tese de que o controle dos mares não mais representava a chave do poderio das nações marítimas.
Na avaliação de Mackinder, a supremacia do poder naval havia chegado ao fim. Durante séculos, países que, devido às suas contingências geográficas, desenvolveram o meio de transporte marítimo, tanto para fins comerciais como para fins de segurança, obtiveram a supremacia nas relações de força no mundo.
No caso específico da Europa, por exemplo, o domínio europeu em relação ao mundo deveu-se ao desenvolvimento tecnológico naval - e seu poderio dependeu de forças militares marítimas. O controle dos mares havia proporcionado indiscutível prosperidade e segurança.
Porém, na opinião de Mackinder, as mudanças tecnológicas provenientes do desenvolvimento do motor à combustão e das grandes ferrovias transcontinentais, que se fizeram presentes no final do século 19 e início do século 20, propiciaram a mobilidade terrestre dentro de grandes massas territoriais - e esse fator começaria a alterar, a partir de 1904, as dimensões dos conflitos armados.
A Aliança Rússia-Alemanha
Com base na teoria do Heartland, a grande preocupação geopolítica e estratégica do inglês Halford J. Mackinder era uma provável aliança militar entre a Rússia e a Alemanha.
Segundo Mackinder, uma entente (acordo ou entendimento internacional) entre Rússia e Alemanha tornaria esses Estados aptos a ameaçar o equilíbrio de forças no continente eurasiático, o que provocaria uma transformação das relações de poder no mundo.
A preocupação do geógrafo inglês se baseava no fato de que a Rússia, considerada o pivô geográfico, se situa no Heartland e possui uma massa terrestre contínua, que se estende da Europa Oriental ao Extremo Oriente, território riquíssimo em minerais estratégicos e energia que, articulados às potencialidades industriais da Alemanha, tornaria possível a exploração desses recursos em benefício do desenvolvimento e da manutenção do poder militar estratégico.
Mackinder conclui que, dessa forma, o poder naval começaria a ser ameaçado pela emergência do poder terrestre. O Heartland, a massa terrestre representada pela Rússia, era, geograficamente, um território invulnerável ao alcance das potências marítimas. Uma aliança entre Rússia e Alemanha seria, portanto, do ponto de vista estratégico, a articulação entre recursos industriais e recursos naturais e demográficos.
Em última instância, essa aliança representaria o domínio do território eurasiático e, segundo o geógrafo inglês, dominar essa região significaria dominar o mundo. Mackinder sintetizou seu pensamento do seguinte modo: "Quem controla a Europa Oriental, domina a Terra Central; quem controla a Terra Central, domina a Ilha Mundial; e quem controla a Ilha Mundial, domina o Mundo".
Segundo Mackinder, uma entente (acordo ou entendimento internacional) entre Rússia e Alemanha tornaria esses Estados aptos a ameaçar o equilíbrio de forças no continente eurasiático, o que provocaria uma transformação das relações de poder no mundo.
A preocupação do geógrafo inglês se baseava no fato de que a Rússia, considerada o pivô geográfico, se situa no Heartland e possui uma massa terrestre contínua, que se estende da Europa Oriental ao Extremo Oriente, território riquíssimo em minerais estratégicos e energia que, articulados às potencialidades industriais da Alemanha, tornaria possível a exploração desses recursos em benefício do desenvolvimento e da manutenção do poder militar estratégico.
Mackinder conclui que, dessa forma, o poder naval começaria a ser ameaçado pela emergência do poder terrestre. O Heartland, a massa terrestre representada pela Rússia, era, geograficamente, um território invulnerável ao alcance das potências marítimas. Uma aliança entre Rússia e Alemanha seria, portanto, do ponto de vista estratégico, a articulação entre recursos industriais e recursos naturais e demográficos.
Em última instância, essa aliança representaria o domínio do território eurasiático e, segundo o geógrafo inglês, dominar essa região significaria dominar o mundo. Mackinder sintetizou seu pensamento do seguinte modo: "Quem controla a Europa Oriental, domina a Terra Central; quem controla a Terra Central, domina a Ilha Mundial; e quem controla a Ilha Mundial, domina o Mundo".
A Guerra Fria e a teoria do Rimland
A conferência de Mackinder teve grande repercussão política, principalmente para o governo da Grã-Bretanha. Nos anos seguintes, o governo britânico buscou a manutenção do equilíbrio de poder no continente por meio da aplicação de uma estratégia política fundamentada no isolamento entre a Alemanha e a Rússia.
As teorias de Mackinder também influenciaram gerações de estrategistas e estudiosos da geopolítica moderna e contemporânea. Foi com base na teoria do Heartland que o estrategista americano Nicholas J. Spykman (1893-1943) desenvoleu a teoria do Rimland, também denominada de Estratégia da Contenção, que serviu de base para o desenvolvimento da doutrina de segurança dos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial.
Nicholas J. Spykman era um ferrenho defensor de uma política intervencionista norte-americana tanto na Europa quanto na Ásia. Contrariando os argumentos dos estrategistas que defendiam a hegemonia dos Estados Unidos apenas no âmbito do continente americano e o isolacionismo em relação ao equilíbrio de poder na Europa e na Ásia, Spykman dizia claramente que a América seria vulnerável às invasões provenientes tanto do Hemisfério Ocidental (Europa) quanto do Hemisfério Oriental (Ásia).
As teorias de Mackinder também influenciaram gerações de estrategistas e estudiosos da geopolítica moderna e contemporânea. Foi com base na teoria do Heartland que o estrategista americano Nicholas J. Spykman (1893-1943) desenvoleu a teoria do Rimland, também denominada de Estratégia da Contenção, que serviu de base para o desenvolvimento da doutrina de segurança dos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial.
Nicholas J. Spykman era um ferrenho defensor de uma política intervencionista norte-americana tanto na Europa quanto na Ásia. Contrariando os argumentos dos estrategistas que defendiam a hegemonia dos Estados Unidos apenas no âmbito do continente americano e o isolacionismo em relação ao equilíbrio de poder na Europa e na Ásia, Spykman dizia claramente que a América seria vulnerável às invasões provenientes tanto do Hemisfério Ocidental (Europa) quanto do Hemisfério Oriental (Ásia).
Heartland versus Rimland
Na avaliação de Spykman, embora os Estados Unidos gozassem de uma posição geográfica privilegiada - com dois oceanos, que o separam dos continentes asiático e europeu - e de uma posição estratégica favorável no continente americano - enquanto poder hegemônico -, a tridimensionalidade dos conflitos armados (devido ao desenvolvimento dos poderes terrestre, naval e aéreo) ameaçaria inevitavelmente a segurança da nação.
Conforme argumentou Spykman, o imperativo estratégico americano deveria ser voltado para uma política externa intervencionista. A macroestratégia americana seria baseada na teoria do Rimland, ou poder periférico, tendo como resultado o desenvolvimento do poder aéreo naval e a supremacia nos mares e oceanos.
Levando-se em consideração o princípio de que as condições geográficas de um país determinam sua estratégia de segurança, era indispensável à segurança dos Estados Unidos ultrapassar os limites de suas fronteiras geográficas.
Essa macroestratégia teria como consequência a criação de várias linhas de defesa, baseadas em bases navais situadas no Hemisfério Norte, região do globo terrestre que concentra os principais centros do poder mundial.
A primeira linha de defesa, contudo, deveria estar situada na orla eurasiática, ou seja, em países fronteiriços com o Heartland. Desse modo, pretendia-se conter a expansão soviética para a periferia do continente eurasiático.
O controle político e militar do Heartland, por parte da União Soviética, representaria o domínio dos recursos demográficos e naturais da eurásia e, por conseguinte, a chance de controlar o mundo. Conclui-se, portanto, que a política intervencionista que os Estados Unidos deveriam pôr em prática seria concebida como uma defesa de sua soberania e de sua segurança estratégica. O que, efetivamente, os Estados Unidos fizeram e continuam a fazer.
Conforme argumentou Spykman, o imperativo estratégico americano deveria ser voltado para uma política externa intervencionista. A macroestratégia americana seria baseada na teoria do Rimland, ou poder periférico, tendo como resultado o desenvolvimento do poder aéreo naval e a supremacia nos mares e oceanos.
Levando-se em consideração o princípio de que as condições geográficas de um país determinam sua estratégia de segurança, era indispensável à segurança dos Estados Unidos ultrapassar os limites de suas fronteiras geográficas.
Essa macroestratégia teria como consequência a criação de várias linhas de defesa, baseadas em bases navais situadas no Hemisfério Norte, região do globo terrestre que concentra os principais centros do poder mundial.
A primeira linha de defesa, contudo, deveria estar situada na orla eurasiática, ou seja, em países fronteiriços com o Heartland. Desse modo, pretendia-se conter a expansão soviética para a periferia do continente eurasiático.
O controle político e militar do Heartland, por parte da União Soviética, representaria o domínio dos recursos demográficos e naturais da eurásia e, por conseguinte, a chance de controlar o mundo. Conclui-se, portanto, que a política intervencionista que os Estados Unidos deveriam pôr em prática seria concebida como uma defesa de sua soberania e de sua segurança estratégica. O que, efetivamente, os Estados Unidos fizeram e continuam a fazer.
UOL Educação
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