GUARATIBA

A GUARATIBA ORIGINAL 

Guaratiba remonta a 1579, ano em que Manuel Veloso recebeu da Coroa Portuguesa uma gleba de aproximadamente 52 Km² para fixar residência. Falamos da antiga sesmaria de Guaratiba, criada anos após a fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

A citada porção espacial, entretanto, era habitada pelos índios Tupis-Guaranis, prováveis descendentes do “homem pré-histórico de Guaratiba”, tendo este chegado à localidade há milhares de anos.

A rotina dos indígenas só se alterou com a chegada de Manoel Velloso que, - juntamente com a esposa, Jerônima Cubas, filha de Brás Cubas, - veio morar na recém-constituída sesmaria de Guaratiba com os outros membros de sua família e, a partir de então, passou a edificar e administrar engenhos de produção de açúcar e aguardente para exportação.
 
Na segunda metade do século XVI, e no seguinte, Guaratiba representava uma grande propriedade rural onde sobrepujavam os engenhos de açúcar, as fazendas de criação de bois e cavalos e as roças de frutas, verduras e legumes. Nessa época, sua expansão fazia-se rapidamente, graças ao trabalho árduo dos descendentes de Velloso.

Ao final do século XVIII muitos engenhos multiplicavam-se, dentre eles o Engenho Novo, o Engenho de Guaratiba, o Engenho da Ilha e o Engenho do Morgado, outrora pertencente ao padre João Pereira de Cerqueira, atual alambique dos mudinhos.

Para escoar a produção, abriu-se caminho mangue adentro, uma vez que o Rio do Portinho precisava ser desobstruído a fim de conferir suporte a esta demanda. Nos escritos do historiador Rivadavia Pinto, há relatos de naufrágios de alguns barcos no referido rio, quando era escoada a produção de açúcar do Engenho do Morgado.

À cultura canavieira e aos engenhos de açúcar, assomaram-se, a partir do século XIX, os cafezais, cultivados nos morros de Ilha de Guaratiba.

Ao longo dos séculos, as culturas canavieira e cafeeira, bem como as demais atividades rurais supracitadas, imprimiram no lugar marcas que caracterizaram Guaratiba até a segunda metade do século XX. A grande produção agrícola de outrora fez de Guaratiba uma das mais ricas e prósperas freguesias do Rio antigo nos séculos XVIII e XIX, até que uma grande seca, a partir de 1888, consumiu suas plantações.

No contexto da porção periférica da cidade, até a primeira metade do século passado, Guaratiba representava o denominado “sertão carioca”, sendo o seu ruralismo e rusticidade foco de um importante trabalho do pesquisador Magalhães Corrêa em 1936.
 
A rusticidade e o ruralismo do “sertão carioca”, com seu aspecto interiorano e suas roças, já impressionavam os “outsiders” urbanos do Rio de Janeiro na década de 1930. Imaginemos esse fascínio 50 anos depois, quando a cidade já havia tomado ares de metrópole? Era surpreendente para a maioria dos cariocas que, dentro de sua própria cidade, de uma metrópole como o Rio de Janeiro, havia um lugar completamente diverso de seu mundo vivido. Um lugar caracterizado por roças e por uma vida devotada à natureza e à rusticidade campestre.

Marcio Luis Fernandes (professor de geografia)

#umlugardoRio 

#umaIlhadesímbolos 

#GeografiasGuaratibanas 

#GeografiasMemoráveis

Nenhum comentário:

Postar um comentário